Suave Veneno não se transformou em um anjo mau por acaso. Já passou por alguns traumas nessa vida. Outro dia, falávamos sobre as agruras da infância, a mais básica sendo aquela de não ter nenhum amigo até completar determinada idade (bom, eu não tenho até hoje). Então ela disse que uma vez, quando era bem pequena, insistiu muito para que a mãe a levasse em um evento de graça na Quinta da Boa Vista. A mãe negou categoricamente:
- Não, minha filha. Nessas coisas sempre tem confusão.
Já seria uma tristeza para a pequena Suave não ter ido ao evento. Mas não parou por aí. No dia seguinte, saiu no jornal que REALMENTE tinha havido uma confusão no troço. Que boca de sapo tem essa mãe de Suave! Credo em cruz! Qual a probabilidade disso realmente acontecer e ainda sair no jornal? Então Suave Mãe, Joselita, fez questão de mostrar a ela a foto da primeira página. Uns sapatinhos de criança espalhados pela grama, alguns salpicados de sangue... visão aterradora.
Suave seguiu contando suas desventuras até a pior delas: ela uma criança muito tímida, muito tímida, muito tímida. Tinha vergonha de tudo. Dos meninos então, não podia chegar nem perto. Ainda assim, o destino pregou uma peça em nossa heroína e ela começou a "gostar de um menino". Alimentou a paixão de longe por semanas a fio, sem revelar seu segredo a ninguém. Um dia, resolveu contar a uma amiguinha (já era um progresso) que estava apaixonada. Quando mostrou para a tal colega quem era o objeto dos seus sonhos, ela exclamou:
- Mas, Suave... aquela pessoa não é um menino, é uma menina! Aquela lá é ... a Celeste!
TÓINHONHOIÓOOOIM!
Segundo Suave, a bichinha era idêntica a um garoto, usava cabelo curto, sem brinco, calça comprida, e, como ela só olhava de longe, e pouco, pela vergonha, nunca tinha notado. Suavezinha chorou por dias porque não queria uma menina!
ÔÔO, dó. Por isso cresceu e virou uma pessoa que assusta a própria filha com uma esponja. Uma esponja que sorri, é verdade, mas ainda assim uma esponja sinistra.