Coisas da LapaRato Morto me contou que todos os dias, indo pra casa, ele via, da janela do ônibus, uma loja caindo aos pedaços que tem no caminho, com uma placa igualmente tosca com os seguintes dizeres:
VENDO VENDO NÃO VENDO NÃO VENDO
Aquilo ali muito o intrigava, tava tirando o sono dele. Que porra seria aquela de “vendo vendo não vendo não vendo”? O que significariam aquele amontoado de palavras enigmáticas?
Um dia, não suportando mais a dúvida, Rato FOI ATÉ A LOJA só pra isso, abordou a dona e disse:
- Olha, todo dia eu passo aqui e tendo entender essa placa. Por favor, o que quer dizer isso?
E a mulher:
- Presta atenção. Vou explicar uma vez só. (pausa dramática). Vendo, vendo. Não vendo, não vendo. Entendeu?
Rato olhou pra ela por alguns segundos e, de repente, tudo se faz claro.
Quando ele me disse isso, eu não acreditei. Como assim, Bial, ele conseguiu entender isso desse jeito? Não entendi la-da quando ele me relatou a conversa com a tiazinha da loja! Só compreendi quando ele me explicou:
- Fernanda, é assim: se a pessoa for lá olhar, ela vende. Se for por telefone, ela não vende. Entendeu? Vendo, do verbo ver, eu vendo. Não vendo, não vendo.
Cara, o que essa mulher está fazendo vendendo tralhas? Ela deveria estar em alguma faculdade de Filosofia. Dando aula.