Jogando as coisasEstava eu no metrô tranqüila e calma feito água foco de dengue, ouvindo meu Cdzinho da Marisa Monte (o velho, porque o novo custa um olho da minha cara e eu ainda preciso dele pra viver), alheia a tudo, ni que uma mulher chega perto de mim e vem se encostando, como se quisesse passagem pra sentar.
Olhei pra ela, depois pro meu lado e vi que o lugar estava ocupado, então, ela não poderia sentar. O que a louca estaria querendo???
Fui obrigada a tirar o fone do walkman pra ouvi-la dizer:
- Você pode segurar isso pra mim?
E tacou a pasta e o guarda-chuva dela no meu colo.
Antes de tirar alguma coisa morta da bolsa pra jogar nela, sabem que eu refleti? Pensei que talvez seria melhor se todos fossem sem loção que nem aquela doida. Porque aí a gente não ia ficar na dúvida se se oferece pra segurar as coisas ou não. Ah, eu fico. Às vezes a gente oferece ajuda e as pessoas nos olham com uma cara que dá medo. E meu coração é fraco. Então seria melhor se aqueles que quisessem ser ajudados pedissem logo e pronto. Também admirei o desprendimento da maluca. Cara, eu JAMAIS teria coragem de sair tacando minhas coisas em cima de um desconhecido.
Então deixei o bicho morto pra lá e segurei os pertences dela por duas estações, até que ela se sentou, foi embora, foi levada pelos caras de branco, sei lá.