Taxista doidãoO motorista que me levou pra night de sábado era estranhão. Pra começar, alguém ligou pro rádio do táxi dele falando naquele speed taxistês, a língua própria dos motoristas de táxi:
- Aquéee ... você... tastéas téee? Ta´s tés??
Ao que ele respondeu:
- Estou.
Pelo que eu pude decifrar o sujeito perguntava se ele estava com passageiro. Diante da afirmativa, o cara do outro lado ficou mudo. E então o motorista manda a pérola:
- Se não for nada que comprometa, pode perguntar.
Como assim, nada que comprometa? O cara vende drogas? Promove surubas? Faz cat net?
Devia ser algo que comprometesse, porque o sujeito falou alguma outra coisa lá na língua deles que me pareceu significar um "deixa pra lá" ou "depois eu pergunto".
Não sei qual era a preocupação... eu não ia entender nada mesmo.
Quase chegando ao meu destino, do nada, o taxista dispara:
- Como tem viado nessa cidade! Só tem viado! Daqui a pouco não tem mais homem. O mercado tá difícil, né?
Eu, acuada:
- É... mais ou menos...
Sei lá se podia contrariar. E ele continua:
- E são uns homens bonitos!
(Porra, então tu é viado também, né? Tira o táxi do armário, abre a gaiola das loucas, solta esse glitter, baby)
- Porque daqui a pouco como as mulheres vão fazer? - ele se pergunta, aflito (aflito é uma palavra bem gay) - Daqui a uns tempos, vão ter que fazer homens "infráveis" ou "cronados".
Bom, se a maré de sorte passar e a seca vier, eu prefiro entrar na fila do "cronado". Vai que é um "crone" parecido com o Gael.