O mistério do casalzinhoUm dia, passando pela minha rua, Papai Joselito desabafa, visivelmente incomodado:
- Aquele casal está sempre ali.
Olhei pra ver a quem ele se referia. Um casalzinho de adolescentes, os dois com 16, 18 anos no máximo. Estavam encostados em um prédio, abraçados.
Fiz pra Papai uma cara de “por que isso é tão importante pra você?” e ele, percebendo o meu desdém, tentou abrir meus olhos:
- Fernanda, você não entendeu... eles estão SEMPRE ali, naquele mesmo lugar, e do mesmo jeito. Sempre que eu passo por aqui, seja a que horas for, de manhã, de tarde, de noite... eles estão ali. É sério.
Eu, uma pessoa cética, que não acredita em fantasma, lobisomem e nem no caminho de tijolos amarelos para o Vale das Namoradas, ainda assim calei a minha boca em deferência a Papai. Que, claro, só poderia estar exagerando. Provavelmente tinha visto os dois ali, o quê? Umas duas ou três vezes. E estava falando aquilo só pra me impressionar. Que ele sabe que eu tenho pesadelos de noite.
O problema é que depois disso eu resolvi reparar.
Eles estão lá quando eu volto do trabalho. Outro dia, percebi que eles estavam de manhã, também. Hoje voltei do trabalho mais cedo e eles estavam lá. Passei no supermercado, subi, me arrumei pra academia e, quando estava indo, eles ainda estavam lá. Quando voltei, uns 40 minutos depois ... estavam eles lá, na mesma posição. Cacetes adeptos da teoria da conspiração! Que será que isso significa? Se for uma alucinação coletiva, tinha que ser um casal mais bonitinho. O Gael e eu, por exemplo. Ia dar supercerto assim perto do meu aniversário.