O POST DA FESTA BREGASexta-feira eu fui numa festa brega. É uma festa pra qual as pessoas vão vestidas de forma ridícula. Eu comprei uma camisa dos Rebeldes, coloquei uma sainha, uma sandalinha plataforma com uma meinha pink e pronto, me transformei em fã dos RBD, esse fenômeno inexplicável. Kátia Lisa veio pra minha casa se arrumar. Colocou uma blusa cigana espantada de tela, uma calça santropeito, um cinto dourado... Enfim, estávamos ambas, cada uma a sua maneira, o supra-sumo da breguice.
Indo pra festaPena que, pra chegar na festa, a gente teria que andar na rua e ser vista por pessoas que não sabiam que nós estávamos indo para um evento temático. E a vergonha? Planejamos uma rota de fuga: sair por uma portaria do meu prédio mais afastada, e não por aquela que fica do lado do bar mais badalado da rua. Como Murphy existe, no meu elevador NUNCA entra ninguém, mas justo nessa hora um sujeito estava no corredor e nos viu. Fomos em frente, esperando que ele não tivesse notado nada. Ainda bem que não conheço o cara.
Só bola foraJá na festa, consegui pagar ainda mais mico que com a minha indumentária rebelde teen. Um amigo chega com uma roupa ridícula (o que é elogio em uma festa assim): uma camisa “estive em lugar tal e lembrei de você”, um colete por cima, um chapéu de pescador e uma calça camuflada estilo uniforme de soldado (meninos: calça camuflada é o ápice da breguice, pelo amor de Deus). Eu olhei aquilo e não consegui parar de rir. Estava tudo tão ótimo, tão exagerado! Aí eu bati o olho no cinto dele e achei que era assim a cerejinha do sundae aquele cintinho. Estava compondo total com o todo. E disparei:
- Esse cintinho aí, hein! Breguérrimo!
E ele:
- Bom, de tudo isso aqui, o cinto é a única coisa que eu uso mesmo, no dia-a-dia.
Tu tu tuuuuuuu
Tanta coisa pra comentar e eu fui falar justaNente do cinto. Cara, nessa hora, o que dizer? Nada. Mudar de assunto rapidamente. Fala de qualquer coisa. Diz que já bebeu não sei quantos mil copos de cerveja, e de vinho vagabundo, faz uma piada amarela qualquer, sei lá, vire-se, mas desvie o assunto. Foi o que eu fiz. Ou tentei fazer. Depois virei pra Kátia Lisa e contei a história. Mesmo assim, ela, que não aprendeu nada com a minha experiência, pelo visto, vira pra uma amiga nossa, que estava com um batom vermelho fortíssimo de uma cor que não se usa mais desde o último papel do Gianfrancesco Guarnieri vivo em Vereda Tropical, e fala:
- Nossa, que batom é esse??? Onde você conseguiu?
- É da minha sogra.
E o namorado dela do lado. Primeira bola fora de Kátia na noite. Não contente, ela resolve virar pra outra amiga, olhar beeem nos olhos dela e dizer:
- Esse seu lápis de olho é azul?
E a outra, orgulhosa:
- Sim!
- Lápis azul é muito brega!
E ela:
- Eu uso esse lápis direto... todo mundo sempre elogia, diz que realça meus olhos... agora eu venho pra festa brega com ele e descubro que é brega. É brega?
E então Kátia resolveu que era hora de parar de falar de pontos específicos das roupas das pessoas. O melhor, nessa hora, é fazer um comentário geral do tipo “Você está ótimo!” e fim.
Eu e os banheirosA festa tinha umas trocentas pessoas e só um banheiro pra mulher. UM banheiro, com UMA casinha. Já seria um absurdo, porque numa festa com tanta gente e bebida liberada está na cara que um banheiro só não dá conta pra mulherada. Mas mais absurdo é que em outra festa naquele mesmo lugar tinha dois banheiros a mais abertos pras mulheres, no andar de cima.
Como sabíamos disso, eu e minhas amiguinhas encrenqueiras invadimos o tal andar de cima, passando pelos “obstáculos” que foram colocados para que não passássemos (uma cadeira, um barbante fechando uma porta. Que tolos). Na segunda vez que fomos fazer isso, porém, a mulher que aluga a casa deu escândalo, disse que não podíamos subir e colocou uns seguranças na porta. No auge do desespero pra ir ao banheiro, depois de ver quase 10 meninas na fila, tentei subir assim mesmo e tomei um sabão dos seguranças, que quase me tiraram de lá à força, com aquela gentileza característica de seguranças de festa. Ah, que raiva. Aí eu olhei pra fila, parei, pensei... Bruno e Marrone, meus dois neurônios que dormiram abraçados com uma garrafa de Absolut Vanilia na praça, acordaram e me deram uma força. Pensei: “Cara, o banheiro da minha casa fica a cinco minutos daqui. Se eu for embora agora chego mais rápido que essa fila”. Estava farta. E fui mesmo. Não fico em lugar com banheiro ruim. E não volto mais, obviamente.
No dia seguinteClaro que, como eu não podia bater nos seguranças, por motivos óbvios, e nem arrancar os olhos da vadia responsável pela casa, porque os seguranças grandões trabalhavam pra ela... fiquei com muita raiva acumulada no meu coração. Aí no dia seguinte fui eu pra uma boate e, tcharam, chega a hora de ir ao banheiro. Uma fila normal, algumas mulheres que demoram demais no banheiro (normal também), mas três casinhas. Esperei pacientemente, porque eu sou uma lady e porque com três casinhas a fila anda, a minha vez. Quando finalmente chegou, eu praticamente tinha acabado de entrar, começam umas mulheres a empurrar a porta.
Logo a minha porta. E logo no dia seguinte à noite do banheiro negro na festa brega.
Saí de dentro do banheiro que nem um bicho:
- QUAL DAS DUAS VACAS EMPURROU A MINHA PORTA?
Eu queria sangue de Tatty Patty Lu. Narizes quebrados, cabelos lisos de chapinha desgrenhados. Queria ver Soraya queimada.
As meninas (as vacas) desconversaram e entraram no banheiro delas. Nada a ver elas saírem de perto só porque eu estava com os olhos vidrados e um pouco vermelhos e com uma baba (pouca coisa também) brilhando no canto da boca.
Fernanda é um ótimo nome, mas toda Fernanda é barraqueira. Pensem antes de batizarem suas filhas.