Então o avião não caiu, apenas o vôo da volta atrasou uma hora. Detalhes. Primeiro rezei pra que não caísse, depois, para que, se caísse, que fosse na volta, para que desse tempo de eu conhecer Menina Baiana, que me aturou por cinco dias, e, é claro, Salvador.
Não sei o quanto de paciência terei pra contar dessa viagem maravilhosa. Sinceramente, Bruno e Marrone ainda estão de férias, dormindo embaixo de um coqueiro na Praia do Forte, com seus novos e queridos amigos. Felizes da vida.
A Bahia gastronômicaGente, uma vez na Bahia, eu tinha que provar to-das aquelas comidas que as pessoas dizem que gostam, e eu nunca tive coragem. Ou vocês pensam que eu vou comer o acarajé que vende na frente do meu trabalho, no Centro do Rio? Não! Nunca me interessei por nada dessas coisas. Mas estando lá, na terra do azeite de dendê, eu tinha que experimentar. Já que toda e qualquer viagem me engorda miseravelmente uns três quilos, que fossem três quilos assim culturais. Quase folclóricos.
MoquecaDepois de dizer pro tiozinho do restaurante típico que eu sou alérgica a coentro (é a única forma de respeitarem que eu não gosto dessa erva criada por Satã em pessoa, num dia de mau humor. De outra forma, o cozinheiro acha que é frescura e, além do prato vir cuspido, ainda vem DECORADO com coentro. Podem acreditar), experimentei uma moqueca. Acompanhando: vatapá e uma farinha alucinadamente deliciosa que tem no Nordeste. Comi que nem uma porca gorda (ainda não tão gorda, porque era o primeiro dia da viagem).
Carne de sol, purê de aipim e manteiga de garrafaAh! Coisa linda de Deus. Não tem nada melhor. Carne de sol eu já conhecia, mas o purê de aipim não. Aqui só se come aipim frito. E a tal da manteiga de garrafa dava o toque especial. Como eu ouvi na viagem, com manteiga, até pedra picada fica bom. Menos coentro, claro.
Acarajé/abará/passarinhaSentamos em um início de noite pra comer um acarajé no “Acarajé da Loira”. Aqui as pessoas comem podrão na rua, lá é o acarajé. Acompanhado por muuuuitas cervejas, fizemos o acarajé de aperitivo. Nunca pensei que acarajé fosse aquilo, parece um bolinho frito. Não gostei muito dos recheios, mas achei a massa interessante e comi razoavelmente. De quebra, experimentei o tal do abará, que é o acarajé assado. Que Carioca Apaixonado, marido de Menina Baiana, me perdoe, mas o treco é ruim que só. Provei também a tal da passarinha, que vem a ser................. o BAÇO do boi. É. Eu mal sabia que boi tinha baço, nunca tinha parado pra pensar sobre isso, sabe. Quanto mais que baço de boi se comia. E-ca. Mas como eu tenho estômago de avestruz modificado geneticamente, mandei pra dentro, ao menos um pedacinho. Veredicto: nem ruim, nem bom. Fim da história.
Aí que no meio da noite, meu estômago de avestruz geneticamente modificado começou a dizer que existia e queria a minha atenção. Ignorei e continuei dormindo. Não ia dar uma de bulímica na casa dos outros. Eu sou uma lady. Criada pelas freiras cegas que criam cabras nos pastos verdejantes da Dinamarca. No dia seguinte, íamos pra Praia do Forte, distante cerca de uma hora de Salvador. Com meia hora de viagem, eu estava verde, da cor da grama verdejante das freiras que criam cabras e que me criaram também junto com as cabras, em um cenário bucólico. Elas me criaram pra ser uma moça fina, e não alguém que mandasse Menina Baiana parar o carro pra colocar tudo pra fora. Então tomei uma Coca-Cola, que fez seu papel de roto-rooter e melhorei. Passei o dia inteiro chamando o acarajé de brioche, que era pra nem pronunciar o nome daquele troço, porque a simples lembrança me enjoava. Até hoje não posso nem pensar nisso.
Queijo coalho na chapa com melaçoPra terminar com uma coisa positiva. O melhor queijo coalho da minha vida. Na beira da praia, dia lindo. Muita cerveja pra acompanhar. Ah, teve também a feijoada de Carioca Apaixonado. Melhor que a dele, só a de Mamãe Joselita.