Contos de MetadinhaMetadinha a cada dia revela uma, digamos, faceta desconhecida. Outro dia, ele estava contando que encarnava uma personagem feminina na internet. Ou, no popular, ele se fazia passar por mulher pra conhecer homens. Conheceu muitos assim. Os sujeitos ficavam malucos, se apaixonavam pela metadinha menina do Metadinha. Ele chegou a marcar encontro e ficar lá, observando o sujeito esperando a mulher maravilhosa que tinha combinado o cinema, a pizza ou sei lá mais o que.
E eu que pensei que essa história de que as pessoas mentem pela internet fosse lenda. Afinal, qual o propósito de mentir? Se a coisa se concretizar, ou seja, se for marcado um encontro, a pessoa será descoberta mesmo... O propósito? Bom, com Metadinha, fiquei sabendo que isso pode ser um bom negócio sim: ele chegou a namorar um cara que conheceu nesse esquema, fingindo que era mulher. Um cara que sempre foi hetero. Pegador. Mas aí, sabe como é... se apaixonou por Metadinha e olha só no que deu. O mundo é gay, Wanderley!
A metade mulher de Metadinha tinha rosto e corpo. Eram os de uma vizinha dele, que ele chamava pra tirar fotos de vez em quando. Ele tirava as fotos da vizinha e depois mandava pros caras, dizendo que era ele. A vizinha era conivente, sabia de tudo e topava ajudar Metadinha na brincadeira.
Ah, sim. A metade mulher de Metadinha tinha um nome, claro. Era... Fernanda.
Gente. Eu sou praticamente a metadinha perdida do Metadinha! Sabia que um dia eu ainda ia me descobrir.