LagartãoOutro dia apareceu aqui em casa uma novidade, um bichinho novo inesperado, um mimo com patas. Não, não estou falando de um lindo cãozinho que resolvi adotar ou da minha cã preciosa. O que apareceu aqui foi... uma lagartixa.
Cacetes do mundo animal! Fiquei olhando aquele bichinho meio perdido e pensando: “e agora?”. Bom, e agora nada. Resolvi deixá-la andar até que saísse pela janela, arrumasse um buraco pra morar, fosse embora pra convenção anual dos répteis, sei lá.
Fui contar isso pra Rato Morto. Quando eu disse a ele que ela era pequenininha, ele declarou, solene:
- Mas você sabe que daqui a pouco vira um jacaré, né?
Então ele começou a contar que apareceu uma no apartamento dele, que ficou morando com ele, ele foi deixando ela lá (exatamente como eu fiz com a minha). Aí ele foi se mudar e, na hora de carregar as coisas, ela se enfiou dentro do motor da geladeira e de lá não mais saiu. Fizeram de tudo, sacudiram o troço, bateram, e nada da bicha desentocar. No outro apartamento, um belo dia, a bicha resolveu dar o ar da graça.
- Ela estava tão grande, enorme, parecia um dinossauro. Eu sabia que a minha mãe quando fosse me visitar ia morrer de pânico, aí peguei uma vassoura e matei. Ficou uma mancha imensa de sangue no teto.
Ah! Não gostei do final da história, não. Fiquei triste, fiquei chateada. Pô, tô crente que ele ia dizer “e aí a lagartixa virou meu bichinho de estimação, peguei amor, comprei até uma coleira prateada pra passear com ela na praia”, mas não, ele matou a pobrezinha. Coisa que tem sangue a gente não pode matar. Sangue de barata não conta.
Ainda bem que a minha sumiu no dia seguinte. Se bem que ela pode estar no motor da geladeira. Ou em algum outro buraco. Vou ter que chamar o controle de zoonoses.