O gorilão da televisãoComentava eu com Rato Morto, a caminho do almoço, que estreou King Kong no Telecine e que eu coloquei pra gravar, pra ver depois. Porque a estréia foi sábado à noite, né, e ficar em casa vendo um gorila na TV ia ser assim meio mico. Ah, tive que fazer a piada amarela.
Mas enfim. Comentava eu isso com Rato, quando ele retrucou:
- Ah, detestei esse filme. Muito chato. Só é legal até a hora que matam o macaco.
!
- Ô, Rato, obrigada! Eu não sabia que matavam o bicho.
- Pô, Fernanda, como assim, não sabia? Como você passou a sua vida inteira sem saber a história do King Kong?
Ué, não sabia. Eu sou uma pessoa bizarra que viu ET pela primeira vez com 19 anos, Exorcista com 25... e eu não sei as histórias. É assim que eu sou.
- Não, Rato, eu não sabia. Que saco. Vamos parar de falar disso.
E aí Rato, fora de si, ensaia continuar a contar o filme:
- É, e ainda por cima tem uma hora que a fulana vai não sei onde e...
Então de forma discreta eu tento persuadi-lo a parar:
- RATO MORTO! CALA ESSAPORRADESSASUABOCA!
Nisso uma transeunte que caminhava por ali olha pra mim e diz:
- Tá certa mesmo! Eu, hein! Até eu já estou de saco cheio dessa história de King Kong!
Ha ha! Olho triunfante para Rato Morto, com uma cara de "viu, até a estranha concorda comigo", quando a louca emenda:
- Manda ele parar de falar isso e passar a noite com uma GATA GOSTOSA.
Ai, meu São Judas Tadeu, aquele das causas impossíveis! A passante errou por muito o que poderia acalmar Rato e fazê-lo parar defitivamente de falar num grande macaco. Se bem que não foi de todo inútil, porque, naturalmente, depois daquilo o nosso papo mudou de rumo.