O POST DO REVEILLON BLACK EYED PEASMeu reveillon foi na praia, assistindo ao show do Black Eyed Peas de graça. Depois de ter furado comigo a festinha que eu tinha preparado pra virada, cheguei a considerar a hipótese de pagar um caminhão turboman de dinheiro por uma dessas festas mega power badaladas. Mas aí Suely do Caminhão disse que ia pro show e eu pensei: “bom, se for uma merda, vou gastar assim no máximo uns 20 pães fofinhos com transporte e bebidas”. E lá fui eu.
Chegada e banheirosChegar lá foi tranqüilo. A primeira coisa que fiz foi checar se tinha banheiros químicos disponíveis pra saber se eu ia poder ou não beber. Aliás, na ida eu só falava nesses banheiros, tava obcecada por eles. Porque se não tivesse banheiro ia ser impraticável. Claro que pra uma pessoa que tem problema com filas, pessoas me esperando, batendo na porta e afins, não foi a coisa mais tranqüila do mundo, mas fazer o que, né? Não tinha opção.
Rave da viradaEsperamos pela virada numa rave que tinha na praia, um posto depois de onde seria o show do Black Eyed Peas. Eu. Numa rave. No meu reveillon. Dançando aquelas músicas iguais. E eu nem uso drogas. Por isso que eu digo que democracia é uma merda: como era um grupo, decidimos ficar um tempo na rave, que era o que parte do grupo queria e o resto do tempo no show.
Mas até que foi animado. Às 23 e 23, eu finalmente consegui ver a hora com número repetido. Explica-se: lá no trabalho, a gente brinca que quando olha pro relógio e vê hora com número repetido alguém está pensando na gente. O ano inteiro as pessoas falavam que tinham acabado de ver eu nunca conseguia ver a bosta dos numerozinhos iguais. Mas ontem eu bem vi! E pela última vez possível no ano. Aí pensei: agora sim, meu 2007 vai bombar! Todo mundo vai me dar mole, fato.
O showMeia noite, contagem regressiva, feliz ano novo, ê. Agora, vamos ao que interessa: o show do Black Eyed Peas. Olha, se não valesse por nada, teria valido por ouvir ao vivo
Don´t lie,
Pump it,
Where is the love,
My humps e tantas outras músicas legais de night. Caramba, 90% das músicas que tocam em boate são do Black Eyed Peas, descobri no show.
A odisséia da voltaMeia hora depois do show acabar, lá pras duas e meia, começou a minha odisséia de volta pra casa. Ninguém queria ir embora, mas eu queria. Estava muito cansada, acabada, torrada e moída que nem café Pilão. Chovia horrores. Eu ouvia a minha cama me chamar mesmo à distância. Eu e ela temos uma conexão muito especial. Então resolvi enfrentar a turba ululante de gente e fui. TINHA que haver algum táxi ou ônibus pra eu me enfiar.
Ah, pícara sonhadora! Após quase meia hora no ponto, depois de dar sinal pra uns 427 ônibus e pra uns 54 táxis, eu comecei a pensar que talvez eu estivesse assim, quem sabe, em má situação. Os ônibus passavam lotados e nem paravam. Os táxis todos com passageiro. Tentei ligar pra uma cooperativa pra chamar um e, obviamente, ninguém me atendeu. Chovia horrores e eu sozinha, sem ter nem com quem dividir.
Antes de me entregar ao desespero, me tacar no chão e chorar, que era o que me parecia mais natural fazer naquele momento, mandei Bruno e Marrone deixarem de palhaçada e pensar um pouco. Eles se deram as mãos, fizeram uma sinpase (foi lindo) e me disseram: se os ônibus estão vindo lotados, as pessoas estão pegando eles em algum lugar mais lá para trás. Anda até lá e pega, pára você com a palhaçada. Ahhhhh, que espertos! Fiz isso, logicamente, me tremendo toda de medo de que o raciocínio da dupla estivesse errado e eu fosse descobrir isso só lá no Alto Leblon. Mas beleza, fui andando. Dando sinal que nem uma maluca pra todo ônibus e táxi que passava. Até que dei sinal pra um ônibus e, milagre! Ele parou, mesmo fora do ponto. Eu amei o motorista naquela hora. Teria lhe dado um beijo na boca, se isso não fosse distraí-lo da sua nobre missão: me levar pra casa! O ônibus estava até vazio, obviamente, sem lugar pra sentar, mas me instalei lá atrás e respirei aliviada. Acontecesse o que acontecesse eu estava a caminho de casa. Que minha cama já tava até chorando revoltada pela minha demora. Calma, caminha. Mamãe tá indo.
A parte dois do suplício foi o trânsito. Tudo inacreditavelmente parado. Mas eu estava aliviada. Estava indo pra casa. Não poderia piorar. Ah, tola. Sempre pode. Comecei a passar mal. Minha pressão despencou e eu lá, em pé. Naturalmente, ninguém ia me dar um lugar. Imagina. No reveillon, todo mundo está potencialmente passando mal depois da bebedeira. Dei um jeito de me abaixar no chão. Fiquei que nem uma louca, mas acho que estava claro que estava passando mal. Nem por um segundo ninguém me perguntou se eu queria ajuda. Pobrada insensível dos infernos.
Mas papai do céu me ama mesmo e eu comecei a melhorar. O trânsito também: passamos do ponto crítico e começou a andar. Em 10 minutos, eu estaria em casa. Acelera, piloto. Só que aí... vem a parte três do suplício: o motorista psicótico, louco, desvairado, doente da cabeça pra chuchu, resolve parar num ponto e deixar uns caras entrarem por trás. Bem onde eu estava. E era um microônibus. Em homenagem ao Big Brother 7: que começa semana que vem, eu pensei...: “Como assim, Bial???” Eu odiei o motorista naquela hora. Ainda bem que não gastei um beijo de 2007, o ano em que todos vão me dar mole, com ele. Ele nem era bonito.
A sorte é que eu estava chegando. Aí vem a parte quatro do suplício: de repente lembrei que eram 4 horas da manhã e eu ia descer em um lugar que eu tenho medo às 8h da noite, imaginem às 4. Que animado. Ia dar supercerto. Mas eu não tinha escolha e desci. Liguei o piloto automático e vim andando até em casa. Impressionante como não encontrei um ser vivente na rua. Acho que até os ratos estavam bêbados em seus aconchegantes bueiros.
Cheguei em casa com tantas necessidades básicas do ser humano pra atender: comer, fazer xixi, beber água, me tacar no sofá e de lá não sair nunca mais, tomar banho, ver os comments do meu blog, que não sabia o que fazer primeiro. Eram quase 4h30, duas horas depois de eu ter começado a odisséia da volta. Sendo que Ipanema fica a uns 20 minutos daqui.
SaldoPentel hoje me ligou pra saber se eu estava viva e me perguntou se eu faria tudo de novo. Faria, porque, sinceramente, eu acho até que tive sorte diante de tudo o mais que poderia ter acontecido. Valeu a pena. Mas já deu: ano que vem quero uma festinha fechada pra ficar até de manhã bebendo até cair, em um lugar com muitos banheiros e com muitas casinhas.