A louca da filaEu, Veia Saltada e Cacau Acelera conversávamos animadamente na fila pra pagar a conta do restaurante. De repente, olho pro lado e vejo uma completa estranha na minha frente, virada pra mim, me olhando fixamente. Ela olhava dentro dos meus olhos, como se estivesse no grupo, prestando atenção na conversa. Mas só olhava pra mim. Como a criatura usava um crachá do meu trabalho, minha primeira reação foi pensar: "essa pessoa deve me conhecer", então olhei de volta. Mas rapidamente confirmei que ela não me era nem vagamente familiar. Virei as costas, mas a capeta continuava me olhando. Então resolvi lançar o meu olhar não-sou-nem-um-pouco-simpática-não-me-incomode-mais-ser-infernal, grau 940, pra ver se a pessoa se mancava. Sempre funciona. Olhei bem nos olhos, de cima a baixo, antipática toda a vida. Só faltei perguntar "o que foi, me achou bonita?". Bem nojenta.
Nada. A mulher sustentou o olhar e eu continuei na mesma, agora com cara de tacho. Nisso Cacau e Veia já riam descontroladamente e eu sem saber se ria junto ou se ficava com medo daquele encosto aboletado em cima de mim.
Cara, eu fiz abadá de micareta com o Santo Sudário. Não é possível. A mulher queria ser minha amiga. Agora, vejam que quem tem sorte, tem sorte. Se fosse o Gael na fila, ele não ia ficar me olhando fixamente. Não, não ia. No máximo, ia me olhar com cara de sem saco quando percebesse o fio de baba brilhante molhando todo o chão do restaurante.