O POST DE BUENOS AIRES - parte 1A pessoa fica uma semana sem postar, mas, quando volta, tem histórias de viagem. É isso aí, cabeçada. Sumi porque estava longe. OK, nem tão longe, porque Buenos Aires hoje em dia é quase São Paulo. Acho que só eu e a Sassá ainda não conhecíamos. Bom, agora falta a Sassá.
A chuvaParti pra cidade portenha na quarta-feira, dia 24. O dia em que inacreditavelmente aquela terra toda caiu e tapou só a entrada do Túnel Rebouças. Coisinha pouca. Caía o mundo lá fora e eu em casa indócil, feito bicho enjaulado cuspindo baba de veneno, de um lado pro outro, sabendo que ia voar à noite. Tentem visualizar esta imagem meiga. Mamãe Joselita ainda me liga e fala:
- Ih, acho que você não vai chegar no aeroporto, não. Vai perder a sua viagem.
Ah, mas eu não ia perder. Chegava a nado no aeroporto.
No aviãoComo Deus é meu chapa, a chuva parou à noite e eu voei com o céu claro. Mesmo assim, no avião, antes de levantar vôo, eu sempre penso que eu estava quietinha vivendo a minha vida e que fui inventar uma viagem. Se o avião cai e eu morro, a culpa é minha, sabe. Quem manda inventar de andar pelo ar assim, só por diversão? Pelo menos, viajamos pela companhia aérea que cai, mas tem serviço de bordo. Serviram até macarrãozinho, rapá. Tudo bem que quando acabou me deu vontade de pedir, assim, por favor, pra aerotiazinha e pedir mais umas três rodadas de tudo. Porque aí sim seria perfeito. Aliás, perfeito não. Perfeito só se fosse self service. Coma até morrer e esqueça que está voando no Fokker 100. Aquele que cai.
Minha companheira de viagem, Medulinha, foi falar pra mim que quando foi pra Europa de vez em quando levantava e ia dar uma volta pelo avião:
- São muitas horas sentada. Tenho medo de dar trombose. O seu pé pode inchar, depois você tira o sapato e não consegue colocar mais.
Pronto. Aquela imagem não me saía mais da cabeça. Fiquei morrendode medo do meu pé inchar, inchar, inchaaaar e eu ficar pezuda em Buenos Aires. Medulinha sem loção. Não sabe brincar, não brinca.
Falando em sem noção, como num ajuntamento de cinco pessoas ou mais sempre está contido um sem loção, tinham os sem loções do avião. Cara, o sujeito com o encosto do assento abaixado na hora da aterrissagem. Aí espera a aeromoça ir pedir pra ele levantar. Caralhos indisciplinados. Custa levantar a bagaça do troço? Não sabe que vão pedir pra levantar mesmo? E ainda fica discutindo com a pobre moça. Ninguém merece. Mas o melhor mesmo foi o sujeito que estava com o celular ligado durante o vôo. Sim, porque ele estava do nosso lado e o telefone começou a tocar logo que o avião tocou o chão. Como não vimos ele ligar nada, já estava ligado. É um capeta da pata do macaco preta. Se o avião caísse por causa de um sujeito desses, eu juro que arrancava os olhos carbonizados dele com as minhas próprias mãos.
Mas não caiu e, no horário ótimo de 3h30 da manhã, porque pobre que é pobre de raiz voa é de madrugada, finalmente cheguei à Buenos Aires.
(CONTINUA...)