O POST DE BUENOS AIRES - PARTE 4No terceiro dia em Buenos Aires, fomos visitar o Jardim Japonês, em Palermo, e o Jardim Zoológico. Sim! Adoro um zoológico. Fico tão apegada àqueles bichinhos! Vontade de apertar até matar. E lá eu posso ver cobras. Muitas cobras. Eu tenho agonia de cobras, sabem? Elas se arrastando, se contorcendo, subindo umas nas outras, tudo isso me dá um TOC incrível. Cobras são legais.
Ponchinho de DeusDepois de nos empanturrarmos novamente com empanadas e com o tostado, o queijo quente deles, feito com pão de miga, fomos passear pela Recoleta, o bairro chique. Lugar com muitas lojas onde eu não posso comprar. Meio frustrante pro meu mantra recitado diariamente lá: comprar, comprar... comprar...
Mas não fica triste não! Existe a feirinha da Recoleta! Ahá. Sempre existe uma feirinha de artesanato onde eu sou rica novamente com meus maravilhosos pesos desvalorizados. Lá, eu comprei um PONCHO. Pra quem não sabe, poncho é tipo um xale quentinho que você joga em cima dos ombros pra proteger do frio. Geralmente, pra proteger de muito frio.
El Diablo, assim que eu contei toda animada que tinha comprado meu lindo poncho, logo me atirou um milhão de ratos mortos:
- Onde você vai usar um poncho no Rio de Janeiro?
Ora, bolotas. Vou usar, tá? No Rio faz muito frio. Dezessete graus. E eu vou estar quentinha.
Dois quilos de doceNo dia seguinte, depois do passeio em um trenzinho de turistas muito fofo até o puerto de frutos, fomos ao supermercado agir como os cidadãos locais. Pra mim, supermercado é ponto turístico. Tem um monte de coisas diferentes pra ver. Lá comprei assim umas coisinhas pra trazer de comida. Uns mimos da Argentina. Claro que eu tinha que trazer doce de leite. Parei em frente à prateleira com um milhão de opções na minha frente. Doce de leite tradicional, doce de leite com chocolate, doce de leite especial pra fazer doces com doce de leite, doce de leite que é mole mas quando você abre fica duro (ui!)... e o doce de leite de dois quilos.
Gente, vocês não imaginam o que era o doce de leite de dois quilos. Era um vidro de um tamanho inexplicável, muito pesado (porque além dos dois quilos do doce bota mais um quilo do vidro), imenso. El Diablo, ao ver minha total perplexidade diante daquele monumento ao exagero, declarou:
- Leva este.
E, bloft! Tacou o doce de leite gigante no meu carrinho.
- Não, El Diablo, não vou levar essa pataca no avião. Minha bagagem já vai dar excesso. Vou levar esse outro aqui.
Pego um de meio quilo e devolvo o de dois quilos pra prateleira.
- Leva este. Você não sabe quando vai voltar a Argentina.
E, bloft! Novamente a pataca no meu carrinho.
Caralhos adoçados!
- Não, El Diablo. É muito pesado isso.
E coloco novamente o doce na prateleira.
Teríamos ficado assim até hoje, se ele não dissesse:
- Então é um presente meu para a sua mãe! Aí você não poderá recusar! HA HA HA, ganhei! Agora você vai ter que levar.
Mas é o próprio capeta da pata de macaco preta! Tive que me recusar no fim das contas a trazer o doce, porque sabia que o sacrifício não ia compensar o “presente” que ele queria me dar só pra ganhar a discussão, já que Mamãe Joselita vive de dieta e ia odiar a ambos, a mim e a ele, para toda a eternidade. E, com isso, ouvi de El Diablo durante tooodo o resto da viagem que o que eu tinha feito era “muito feo, muito feo”. Volta e meia, do nada, em momentos sortidos, ele dizia isso.
Daqui a uns 50 anos ele ainda vai olhar pra mim e dizer "muito feo, muito feo" ao lembrar desse bendito pote que poderia até matar se eu desse com aquilo na cabeça de alguém. Olha, mas que animado. Pensando bem um pote de doce de leite morto poderia ter me sido muito útil na minha volta à realidade da vida. Dei mole.
(CONTINUA...)