AlalaôPra falar a verdade, eu odeio Carnaval. Não que eu não goste de samba. Não. Hoje em dia eu sou uma pessoa do samba, já falei. Também gosto dos desfiles, acho legal ficar acordada até tarde, caindo de sono, só pra ver a Portela desfilar. Torço pra Portela desde criança, mesmo sem nunca ter visto a escola ganhar um título sequer (o último foi em 84, eu tinha sete anos, infelizmente não lembro). Logicamente, gosto também do fato de ser feriado. Ficar cinco dias em casa, assim, só porque é Carnaval, é bichinho de Deus. Gente, eu gosto até de bloco: quando me proponho a ir, me divirto, canto, sambo, juro. O problema é que, nessa época, o Rio de Janeiro é todo um grande bloco. Então, quando a gente está simplesmente andando de um lado pra outro, sabe, passando, está obrigatoriamente dentro do bloco. É gente fantasiada por todo lado, gritando, apitando nos seus ouvidos, esbarrando em você, lerdando na sua frente. A gente tem que andar pela rua, porque na calçada tem batucada e você vai levar uns três meses pra conseguir passar. O metrô está sempre cheio, sempre, seja a hora que for, e cheio de gente sem noção, que senta se encostando suada em você. E gente bêbada, claro. Como eu fui esquecer desse detalhe?
Não venham me dizer que sair do Rio é a solução. Viajar no Carnaval daria outro post. As estradas estão lotadas, um trânsito do capeta doido. Tudo custa o dobro do preço, ir pra Búzios custa o valor de uma viagem internacional. E o resto da Região dos Lagos fica impraticável. Tô fora.
Eu tenho um sonho. Um dia, tudo isso vai se acabar e eu vou voltar a ir pra Mariuzinn dançar hip hop e funk até o chão. E vou ter companhia, porque as pessoas não passaram o dia inteiro no bloco. Quero muito, inclusive, sair pra sambar. Em algum lugar que tenha teto, ar-condicionado e banheiro. Com trancas e muitas, muitas casinhas. Tenho quase certeza de que esse dia está pra chegar.