Começando o dia – o velhinhoMeu prédio tem dois elevadores pra 24 apartamentos, então quase nunca encontro ninguém. Mas hoje havia o velhinho bizarro caidoiro.
Chamei o elevador, que estava no terceiro andar. Quando chegou, o velhinho estava dentro. Ele deu um passeio até o décimo segundo, onde eu moro, só porque queria descer três andares. Aí ele quis ser meu amigo e contou que entrou no elevador, ficou conversando sem apertar o botão e, quando viu, subiu em vez de descer. E completou:
- Mas não tem nada não, minha filha. Eu não me importo mais em perder tempo.
Então percebi que ele ia me contar mais uma história. Vamos ouvir.
- Porque eu já caí três vezes. Uma vez, fraturei o crânio e fiquei em coma 10 dias. Na outra, quebrei a perna. Na terceira vez, tive um problema no baço. Não me importo mais com nada.
Em pensamento, eu gritava: “QUE HORROR! SAI, VELHO! AZARENTO DOS INFERNOS! VÁ TIRAR A SORTE DO OUTRO!”. Porém, o que falei foi:
- Mas o senhor não vai cair mais, não.
Não vai, né? Eu espero. Deus é pai. Que que esse sujeito fazia em outras vidas pra merecer isso? Empurrava sogras profissionalmente de abismos, no Dia do Arremesso? Eu, hein.