Fome de passarDomingo agora fui fazer uma provinha de concurso. Pois é, de vez em quando eu gosto de acordar cedo no domingo, sair debaixo de chuva, ficar três horas com o pescoço abaixado fazendo prova e acordar no dia seguinte toda dura, só pra perceber que fui bem, mas nem tanto pra passar, porque só passam os doentes que erram três questões em toda a prova. Devo fazer isso porque eu me odeio. Ou porque sei que quando for a minha vez vou passar, igual a quando for a minha vez de ganhar na Mega Sena vou ganhar, só que pra isso preciso ir fazer a bendita prova - e, no caso da Mega Sena, jogar. Olha, Papai do Céu, eu prefiro a Mega Sena, tá? Só pra deixar registrado.
Chego na sala de prova e tem duas figuras como fiscais. Não paravam de fazer piadas o tempo todo, porque só tinha Fernandas e Fernandos na sala. E eu deprimida, porque o meu nome, de uns tempos pra cá, tem ficado cada vez mais comum. Deprimida e com sono. E eles seguiam com as piadas, porque as bolsas tinham que ser colocadas dentro de um saco e lacradas. Qualquer dia, vão instalar um raio X na entrada e pedir passaporte.
Fico impressionada também que a galera leva lanche. Gente. Que fome é essa que esse povo sente em uma manhã? Tinha gente com tupperware com comida, garrafa de água, chocolate, biscoito recheado, frutas... não pareciam que tinha se preparado pra fazer prova e sim reunido mantimentos pra cruzar toda a ilha do Lost. E a vontade de ir ao banheiro? A prova começou às 9h. Antes das 10, a primeira pessoa pediu pra sair. De repente tinha fila, metade da sala “inscrita” pra ir ao banheiro. Segundo Mamãe Joselita, estavam todos com cola dentro da roupa. Olha, se for isso, menos mal, porque não entendo a incontinência urinária dessa gente. Se bem que até faz sentido. As pessoas tomam 1 litro d’água e comem uma barra inteira de chocolate, deve rolar um efeito pato. Será que tudo isso vai ajudar esses os esquisitos a passar nessas provas? Pior é que vou morrer sem saber.