Roubada da LapaEstou sem postar há séculos, acho que nunca fiquei tanto tempo sem escrever no blog desde que eu comecei, há muitos anos patrasmente. Achei que fosse ter que me despedir de vocês. Mas nada como a boa e velha vontade de reclamar de alguma coisa para me trazer de volta.
Hoje estava eu tranqüila e calma à tarde vendo clipes velhos no novo canal da Net, praticamente um vegetal enraizado no sofá, ni qui Suely do Caminhão me manda um torpedo: “Partiu Parada da Lapa agora? Vou chegar lá às 16h”. Oi? Quem estou, onde sou? São legais os clipes da Madonna? Que demônio é esse programa de sábado que tem que chegar às 4? E não é às 4 da manhã? Ai, que estranho. Passei um tempão debatendo com as muitas Fernandas que aparecem dentro da minha cabeça nessa hora, cada uma com uma opinião. Muitas delas querendo ficar em casa dormindo e com ótimos argumentos para isso. Mas acabei ouvindo aquela que disse que eu tenho que fazer exposição da minha figura em lugares públicos com as minhas amigas de vez em quando. Tá, tá. Acabei indo.
O espaço é legal, mas é um programa família. É um pagode na láji. Tinha criança, gente idosa, cálegas... e homens feios. Muitos homens feios. Deus é pai. Comi a feijoada só porque fazia parte do pacote milionário de 20 real a entrada e fiquei empanturrada. Depois fomos dançar, as músicas até que não estavam ruins. Mas era uma lisura, uma lisuuuuuuura só. Antes das sete (da noite, não da manhã), já estávamos fartas e resolvemos ir embora.
Aí começou o show do mau atendimento. Porque não bastava o lugar ser meia bomba, tinha que ter gente sem loção no serviço. Demoramos uma eternidade na fila do caixa e, quando chegou a nossa vez, descobrimos que a maquininha do Visa estava fora do ar. Suely reclamou que ela poderia ter só Visa, poderia não ter levado o outro cartão. Deu uma resmungada básica porque teve que usar um cartão que ela não queria. Foi só ela acabar de pagar e se afastar que a mulher do caixa começou a reclamar:
- Eu não sou obrigada a ouvir esses desaforos. Eu não falo nada porque não posso discutir. Hoje estou aqui, mas já trabalhei na The Week, na Baronetti. Se fosse lá, ela ia ter que dar um jeito de pagar.
Tudo errado. Eu também estava puta por não poder usar o cartão. Todo mundo estava. É claro que não era culpa dela que o Visa estava fora do ar, mas ela tinha que admitir que era um aborrecimento e lamentar o ocorrido, não ficar reclamando. Fora que quando ela cita The Week e Baronetti, que são boates mais chiquezinhas da Zona Sul, dizendo que “lá ela ia ter que dar um jeito de pagar”, está insinuando que, no fim das contas, o certo seria pegar um segurança daqueles e usar a força. Obviamente que eu, que continuava na fila, que estava com raiva por causa do lance do cartão, e que nessas horas conto com uma Fernanda barraqueira dentro de mim, nascida na Baixada, comecei a discutir com a mulher.
- Acho que você tem razão: você não pode discutir e devia estar calada.
Aí começou o bate-boca: ela dizendo que estava “no direito dela de reclamar” (sensacional, como se a cliente fosse ela) e eu defendendo a minha amiga e dizendo que ela estava manchando o nome da casa. Até que fui atendida no caixa por outra pessoa e de repente todos começaram a ser simpáticos comigo e a me pedir desculpas. Como se um lampejo de sanidade tivesse acontecido e as outras pessoas que trabalhavam lá percebessem que deviam me tratar bem, não mal.
Saí dali quase convencida que o lugar não merecia o post negativo só por causa de uma mal comida no caixa. Só que quando cheguei perto do local de saída, o segurança discutia com outra menina do meu grupo, porque ela sugeriu que as pessoas que estavam entrando fossem avisadas de que o Visa estava com problema. Segundo ele, “em lugar nenhum avisam que um cartão está fora do ar”. Não sei vocês, mas eu já fui a VÁRIOS lugares em que havia um aviso colado informando que um cartão estava não estava funcionando. Pra piorar, o cara, pra não discutir mais, começou a ser sarcástico, dizendo “OK, obrigada pela dica” em tom de deboche. Ou seja, é cultura do estabelecimento tratar mal o cliente.
Deve ser porque está ali na Lapa e, caramba, se aquele grupo de seis nunca mais for, haverá 60 pra tomar o seu lugar, certo? Errado. Esquecem do princípio básico do marketing que diz que um cliente satisfeito pode até não comentar com ninguém sobre o bom atendimento, mas um insatisfeito vai contar em média pra 10 pessoas que foi mal atendido. Bom, no meu caso, com o blog, conto pra mais ou menos umas 300 pessoas. Porque se é pra fazer fofoca, favor fazer direito.
UPDATE: Gente, o nome do lugar dos infernos, que fique claro pra niguém ir, é PARADA DA LAPA. Um bar anexo à Fundição Progresso.