AtropelamentosNunca fui atropelada por carro, mas na categoria "atropelamento por coisas bizarras" eu gosto de concorrer. Leitores mais antigos lembram-se, claro, do atropelamento bicicletal em 2004, quando um ciclistazinho lazarento de meia tigela me derrubou e eu quebrei o pé. Aí pra me vingar, alguns anos depois eu adotei andar de bicicleta como hobby e um dia fui atropelada por uma criança. Juro. Ela se jogou em cima de mim, me machucou e saiu correndo alegremente, porque crianças são feitas de borracha.
Mas outro dia me superei. Voltando pra casa de um jantar agradável no melhor japa ever, chego na portaria do meu prédio e de repente vem correndo na minha direção um singelo rato. Não sei se vocês sabem, mas nessa hora o tempo para e você pensa várias coisas: "por que eu entrei por essa portaria?", "pra onde eu posso correr?", "morde?", "o que eu vou dar de presente de natal pro meu pai?", e toda a sorte de coisas. Após o milésimo de segundo em que tudo isso passou pela minha cabeça, eu percebi que fato era que o monstro continuava vindo, e emiti um guincho que muito provavelmente deve ter assustado o bicho sobremaneira. Mas não teve jeito: ele continuou correndo e escolheu passar EM CIMA DO MEU PÉ. Que meigo. Até agora, lembro da sensação daquela coisinha fofinha passando.
O melhor foi o porteiro, meio minuto depois, eu quase infartando na frente dele e ele, com os olhos injetados: "Um rato". É, mané, um rato. Da próxima vez, faz alguma coisa. Sei lá. Eu devo ter feito chapéu com a palha da manjedoura pra merecer isso.