GanharEsses dias meu professor de natação, no fim da aula, resolveu promover uma atividade, uma brincadeira. A little game. Um dos alunos deveria ficar preso por um elástico enquanto os outros tentavam atravessar a piscina submersos. O que ficava preso tinha que capturar um dos soltos, agarrando a perna de um, para que o capturado ficasse no seu lugar. Ah, que FOFO. Uma competição. Vamos lá.
Quando Allah estava me desenhando, ele pensou assim: "Essa aqui vai ser competitiva. Quando ouvir a palavra 'jogo' de qualquer coisa, de dominó a zerinho-ou-um, ela vai pensar automaticamente 'tenho que ganhar'". Pena que depois ele foi dormir e algum duende terminou de fazer o trabalho, porque essa personalidade veio no corpo de uma PATA. Eu nunca fiz nenhum esporte coletivo bem. Sempre fui a clássica nerd que tirava as notas boas em todas as matérias, incluindo Educação Física, porque tinha aquela parte teórica. Eu sabia as regras do basquete como ninguém.
Então, quando adulta resolvi praticar um esporte, pensei: "vou nadar, porque não vou ter que ser escolhida pra nenhum time". Aí nessa altura da minha vida vem o professor e resolve reunir as crianças pra um projeto. É muita humilhação.
Ni qui ele explicou a brincadeira, pensamentos conflitantes me invadiram. "Jogo, preciso ganhar" e "Aposto três unhas esmaltadas como serei eu a capturada". Quando o sujeito OBVIAMENTE (why, God, why?) agarrou a minha perna, eu comecei a lutar embaixo d´água ("ganhar") e tive a maior cãibra ever. Voltei pra superfície urrando de dor e sujando toda a piscina com a minha baba nociva de ódio. Dois dias depois, minha panturrilha ainda estava sem falar comigo, sentida, sem entender por que eu fiz aquilo com ela se ela sempre foi legal comigo, até nasceu bonitinha. Pior é que ela tem razão.