segunda-feira, junho 28, 2010
Contos de MiniPentel IMiniPentel estava desenhando um vestido de noiva (pois é, gente, menina é uma praga, já vem na memória genética essa consumição) e cantarolando uma musiquinha que ela ia inventando na hora. Perguntei se a música existia e ela disse que não, mas que tinha uma que existia. E começou: - Com quem será, com quem será, com que será que a MiniPentel vai casar... vai depender, vai depender... Aí pensei: "Quem será que preencherá a lacuna da musiquinha? Vai depender de quem? Será que ela já tem um namoradinho na escola?". Tensa. Essa musiquinha foi inventada pelo próprio cão pra nos atormentar. E ela continuou: - ... vai depender se a MiniPentel vai querer! Para tudo. Que coisa mais século XXI, meu Deus! Notaram a sutileza da coisa? Vai depender se ELA vai querer casar, isso sim, e não de nenhum pretendente. Adoro o pensamento dessa nova geração. Além de tudo, ainda acaba com a tensão de cantarem isso e você nunca saber que nome vão resolver falar. Tenho certeza de que o infarto que um dia eu vou ter foi encomendado em uma dessas brincadeirinhas lá no tempo patrasmente. ##### Contos de MiniPentel IIEla ainda não tem, mas bem que já queria começar a garimpar o príncipe, a MiniPentel. O problema é que a coisa está feia. Certo dia ela vira e fala: - Eu queria namorar o Fulano, da minha escola, mas ele só quer saber de brincar com o Eduardo. É, MiniPentel. Acostume-se, porque ainda haverá muitos Eduardos no seu caminho. Cada vez mais tem Eduardo. O que não falta é Eduardo. O problema são os Eduardos. ##### E o Brasil, hein? 3 a 0. E na primeira vez que eu acerto um placar em toda a minha vida, a única testemunha é o moço que consertava o elevador do prédio dos meus pais. Entrei, ele me olhou e perguntou: - Moça, quanto a senhora acha que vai ser o jogo? Ainda abalada pelo estranhamento de ser chamada de "moça" e "senhora" na mesma frase, incorporei a feiticeira da outra encarnação e disse, do alto da minha sabedoria oracular: - Hoje vai ser... 3 a 0. O sujeito deu uma protestada, disse que "não sabia não" e tal, porque torcedor é sempre desconfiado, mas agora ele deve estar se benzendo e achando que encontrou a própria bruxa do 71 no elevador.
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domingo, junho 20, 2010
FantasmasSexta fui parar numa festa em um bar pouquíssimo óbvio e começaram a chegar vários atorezinhos. E dessa vez a intenção nem era ir a uma badalada festa da classe artística jovem brasileira. Fui assistir a Kátia Lisa, minha amiga mais descolada, que agora toca surdo em uma banda que tem no repertório pagodinhos dos anos 90. Vejam o quão boa amiga sou eu. Mentira. Falo assim, mas me diverti baldes cheios cantando (berrando) coisas como "NÃO ERA AMOR OOOOR NÃO ERA NÃO ERA AMOR, ERA CILADA" e "NINGUÉM TE PERTENCEU, NINGUÉM TE AMA COMO EU, NÃO DEIXE A CHAMA SE APAGAR". De repente, eu estava de novo lá nos anos 90, sendo que com 18 anos eu tinha vergonha e escondia aquela fita cassete de pagode que eu tinha. Só eu ouvia, no meu WALKMAN. Mas voltando aos atorezinhos. Depois do pagode, começou um DJ e aí chegava um, chegava outro e Veia Saltada ia falando, "olha lá fulano, olha lá sicrano", porque só Veia conhece até o cara que fez aquela ponta em Beleza Pura e agora está na Record. Se não fosse ele, eu tinha reparado em uns dois ou três. Lá pelas tantas ele vira e fala: - Olha lá aquele ator velho que fez Vamp, Guilherme alguma coisa. Pô, Vamp é sacanagem, ele nem era nascido e eu lembro só do Fábio Assunção. - Olha, Fernanda... é o Guilherme Paes Leme. - Guilherme Leme? - É, isso, Guilherme Leme. E eu, sem acreditar: - Mas o Guilherme Leme não morreu? Olhei e era mesmo o Guilherme Leme, com a mesma cara, e Veia falando "daquele ator velho". Sacanagem. Mas o pior é que mesmo depois de vê-lo ali, interagindo com as pessoas, eu ainda me lembrava vagamente da matéria de quando ele morreu. Me lembrou muito quando Pentel viu o Gianfrancesco Guarnieri na novela e achava que ele tinha morrido, e Cunhado sem Loção também dizia que lembrava da matéria do Jornal Nacional anunciando que ele tinha morrido. E o homem lá, atuando. Uns 15 dias depois, morreu mesmo. Ainda bem que sou eu, né, achando que o cara tinha morrido, e não a minha irmã, que tem boca de sapo. Espero que ele não morra logo, pra eu não me sentir culpada. Mas fazer o quê, tô ficando velha, é tanta gente que já morreu que eu fico muito confusa. Qualquer dia vou esbarrar com o Romulo Arantes por aí, conversar com ele e nem perceber que as pessoas estão me olhando esquisito. A lo-ca.
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segunda-feira, junho 14, 2010
Vodca IIEsse fim de semana saí e resolvi que não ia beber cerveja, pra não acordar automaticamente gorda no dia seguinte. "Fernanda, sua alucinada, está escrevendo o mesmo post, a cachaça derreteu os seus neurônios". Não, tolos. É o mesmo tema, mas não é o mesmo post, OK? Resolvi de novo beber vodca. Meu estômago/fígado/baço e demais vísceras logo estremeceram ao ouvir minha voz de veludo cotelê pedindo um inocente drink pro garçom e começaram a se revirar todos, me chutando com raiva. Eu expliquei pra eles: "Fiquem frios, hoje vocês vão beber coisa fina, é drink com SMIRNOFF". Caraca, hein, vodca de rico. Eles ficaram quietos, se comportaram e depois ganharam Absolut. Ah, sim, o drink inocente era uma caipivodka de abacaxi com pimenta. Vinha com um monte de pimentas enormes no copo, que eles devem aproveitar em todos os drinks, já que ninguém come aquilo. E mesmo assim a larvinha que vai me fazer ficar ainda mais caquética ainda não deu o ar da graça. ++++ Muito mais que a perspectiva de receber vodca da garrafa do próprio plástico do cão, meu estômago/baço e demais vísceras se reviram com a perspectiva de comer coentro. Eu já falei nisso aqui, o tema não é novidade. Só o cheiro dessa erva do mal me faz ter vontade de assassinar o cozinheiro que tem a ideia de jerico de colocar esse treco na comida. Já disse e repito que não existe não gostar de coentro, existe intolerância a coentro, nojo, asco. E quem não liga, não sabe o que é, acha que sente isso com alguma coisa que detesta. Acreditem, não é a mesma coisa. Eu não gosto de manga, de mamão, de abobrinha, jiló. Mas nada, nada é igual a sensação de comer coentro. A prova de que é diferente está num artigo que saiu no New York Times, que Menina Baiana gentilmente me enviou. Leiam e me entendam. Lá, vocês vão ver que existem substâncias no coentro encontradas no sabão e em... PERCEVEJOS. Sim. Bichos nojentos que exalam cheiros repulsivos. E que algumas pessoas podem ser geneticamente propensas a identificar e repelir isso: o impulso é de jogar a comida com coentro no chão, "que é o lugar dela" (adorei essa parte). Então, queridos leitores dessa porcaria, entendam que essa coisa saponácea e insetífera não foi feita pra comer e não coloquem esse lixo nas suas comidas, preparadas com tanto carinho. Tá? Então tá. ++++ Falando em lixo, acho que vou lá no McLixo só pra participar de um bolão bizarro que eles inventaram. Você compra um MerdLanche da Copa, ganha um código e tem que escolher entre os países de determinado grupo quem será o campeão e quem será o vice (provavelmente, o Vasco*). Achei divertido e também quero brincar. O chato vai ser acordar gorda no dia seguinte. Assim nunca mais vou beber cerveja enquanto eu viver. ++++ E pra finalizar, a palavra mais bonita do dia é "retroativo". Tem também a locução adjetiva "gol do Paraguai". Melhor, só "gol do Brasil", amanhã. Quatro vezes. *Aquela que faz piada com o próprio time. Aprendi com o Papai Joselito, que me fez crescer ouvindo piadas de português.
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sábado, junho 05, 2010
Xixi do capetaOntem resolvi que não ia beber cerveja pra não acordar gorda hoje. Cerveja não é coisa de Deus, não. Aí, antes de entrar no Liso Voador, onde era a festchinha de ontem, fui procurar uma barraquinha trevas daquelas da Lapa pra comprar uma caipivodka que certamente seria mais barata que lá dentro. Eram 22h30, cedo, dava tempo. E vai que junto ainda vinha uma larvinha qualquer? No dia seguinte, em vez de gorda, eu poderia acordar muuuito magra. Praticamente um monte de ossos. Fui lá na moça... moço... ambos... que estava servindo na barraquinha mais honesta que encontrei. Tinha umas frutas enfeitando, achei legal. Pedi uma caipivodka de morango. Com adoçante, pra ficar bem tóxico. Aí a moça (?) pega uma garrafa de Korloff (ou qualquer outro nome que aquela vodka genérica tem, pensar que em casa eu tomo Absolut) e pergunta: "Posso colocar calda de morango em volta do copo?". Aí, eu, claro, disse... que sim, porque a calda de morango foi feita pra enfeitar o copo, tudo que enfeita não engorda, tipo cobertura de brigadeiro em cima de um bolo de cenoura. Quando você come bolo de cenoura, está comendo praticamente uma salada e a cobertura só enfeita. Fiquei muito feliz com a minha caipivodka de morango. Do alto da minha sabedoria, expliquei para Veia Saltada: "Esses drinks com destilado não são igual cerveja, você não pode beber um monte, tem que beber um e só depois, beeeem depois, beber outro". Ele, do alto de sua experiência, concordou. Às 23h, quando entrei no Liso, já tinha finalizado duas caipivodkas daquelas. Quando fui pegar a segunda, era um moço, no lugar da moça. Eu falei, só por falar, porque a gente sempre tem que falar isso: "Capricha, hein?" E o cara todo empolgado: "Legal, não vou nem usar o dosador". E tcháaaa despejou meia garrafa dentro do meu copo. Dois garotos que estavam na fila esperando a vez deles bateram na garrafa da tal da Korloff e disseram "Ih, a garrafa é de plástico!", o que eu achei particularmente engraçado naquela hora. Acordei toda esquisita hoje. Esquisita e esquelética. XXXXXX Falando em esquelética, outro dia uma chefe de setor lá do trabalho que não me via há um tempo olhou pra mim e exclamou: "Fernanda! Você está linda, caquética!", querendo dizer esquelética. Eu sorri e disse: "Obrigada!", e ela "Sério, você está muito bem!" e eu rindo e agradecendo ser chamada de caquética. Depois as pessoas em volta esquecem que eu sou a última pessoa lúcida do mundo e eu não sei por quê. XXXX Em algum momento da noite, ouvi "Isso vai pro blog, isso é bom pra colocar no blog" e não me lembro do que era nem se apanhar. Bem que a pessoa que me disse poderia se materializar do meu lado em algum momento, PUF, e dizer o que era. Ou nem dizer.
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