domingo, abril 22, 2007

O mistério do acidentado

Tinha eu voltado da praia e tomava banho quando toca meu telefone. Gritei pra Gêmea da Night, que estava aqui, para atender pra mim. Quando saio do banho ela está com uma cara meio estranha.

- Que foi, Gêmea? Quem era no telefone?

- Era um cara dizendo que era o amigo do Fulano, que você conhece de onde seus pais têm a casa de praia. Ele disse que o Fulano sofreu um acidente grave e que ele está ligando pros amigos, a pedido da mãe, pra avisar as pessoas. Deixou esse telefone aqui pra você retornar.

Diliça. Óia que ótima notícia pro meu domingo. Peguei imediatamente o telefone pra ligar, até porque eu conheço o Fulano e o amigo dele que ligou, mas não tenho os telefones de nenhum dos dois em casa, só no trabalho. Ligo pro tal número e dá ocupado. Ligo de novo e dá ocupado e de novo e dá ocupado. Mais legal ainda. Resolvi que ia esperar até o dia seguinte e ligar pros telefones que tenho no trabalho. Afinal, a merda já tinha acontecido mesmo, agora não ia fazer muita diferença.

O problema é que, quando eu fui dormir, coloquei a minha linda e loira cabecinha no travesseiro e zap! Os olhos não fechavam. Pois é. Bateu um pânico de que Fulano tivesse morrido naquele meio tempo e eu nem ligado. Quando consegui dormir, sonhei com a história. Uma merda com M de monstruosa. O monstro, no caso, sendo eu mess. Meu amigo morrendo e eu nem tchum.

No dia seguinte, cheguei no trabalho e, após constatar que eu não tinha o telefone de Fulano, liguei pro amigo, que é melhor amigo dele. Quando ele atendeu, já achei que tinha alguma coisa errada, ou que não tinha nada errado, porque a voz dele estava boa demais. Ele disse que não sabia de acidente nenhum, e achava difícil ser verdade, porque ele seria uma das primeiras pessoas que a família avisaria. Mas que ia ligar pro Fulano por via das dúvidas e me retornava. Dali a pouco, tocou o telefone e era ele dizendo que, realmente, Fulano estava bem. Ou seja, fui vítima de um trote de alguém que, naturalmente, vai pro inferno. E naquela ala pior, onde toca Noite do Prazer em looping por toda a eternidade.

Agora, quem é esse corno sem a menor mãe que ousou me roubar uma noite tranqüila de sono? Em princípio, pensei que fosse uma daquelas ligações que estão na moda, nas quais dizem que uma pessoa da sua família sofreu um acidente ou que está seqüestrada. Mas não pode ser, porque nesses casos o bandido não tem o nome da pessoa, fala sempre que é o seu “filho” ou um “parente seu”. Comigo, deram nome, sobrenome, nome do meu amigo e ainda citaram de onde eu os conheço. Só pode ser alguém que conhece todo mundo.

Isso é coisa vocês sabem de quem? De mulher ciumenta. Tenho certeza. A garota viu o meu número na agendinha do celular do namorado dela e armou com algum amigo pra me passar um trote, pra ver se eu retornava, pra ouvir a minha voz, sei lá o que passa na cabeça oxigenada de mulher maluca. Agora vocês vejam. Eu aqui, quieta na minha casa, vivendo essa minha vida sem pecado, de menina educada pelas freiras cegas e mancas, parentes do Joseph Klimber, que criam cabritos na Dinamarca, e vem uma pessoa desse naipe me perturbar. A mim, Maria da Glória, católica apostólica romana. Não mereço isso não, sabe.

Pior é que nesse dia vi as horas repetidas em vários momentos. Segundo Suely do Caminhão, minha amiga taróloga, astróloga, numeróloga e comunicóloga, quando a gente vê hora com números repetidos (tipo 19 e 19, 22 e 22 etc), tem alguém pensando na gente.

É a vaca bolando o próximo passo da vingança. Tomara que não seja tacar ácido na minha cara. Eu sou tão bonitinha.



Comments: domingo, abril 15, 2007

Minha nada mole sexta

Sexta era um daqueles dias em que eu deveria ter ficado em casa, mas resolvi sair. Meio gripada, cansada horrores do trabalho, mas era uma sexta-feira, então, resolvi ir pro sambinha de aniversário de um amigo meu. Sambinha não é uma coisa que me empolgue, mas, enfim. Fui assim mesmo. Antes de sair de casa, conversei pelo telefone com Ana Pôla, que me alertou:

- Fernanda, esse lugar é LONGE.

Achei meio exagero. Eu conhecia a tal rua, não era tão longe assim. Não? Acontece que a rua é maior do que eu sabia e não paravámos de subir, subir e subiiir procurando o número do troço. Em um dado momento o taxista Jo-se-li-to pergunta:

- Esse lugar pra onde vocês vão é no meio da da favela?

Ah, que MEIGO. Não era, mas quase. Muito no alto e estranho pra chegar, mas pelo menos era um clube, com uma piscina bonita e um banheiro com muitas casinhas.

Morrendo de frio por causa da gripe, não tinha muita disposição pra sambar e então fiquei me divertindo observando o traje das meninas. Acho que nunca fui num lugar com tanta patricinha junta. Era um desfile de modas, parecia que as vitrines dos shoppings tinham criado vida e estavam andando na minha frente. Todas com as blusas e saias e vestidos último modelo. Eu ia olhando e pensando: "aquela ali está legal, quero uma blusa assim, vou comprar uma bota depois igual àquela, aquele macaquinho não uso nem sob tortura". Acabou me sendo muito útil, pena que eu não levei um bloquinho pra anotar as minhas considerações.

Quase no final da noite, um sujeito interrompeu minhas observações.

- Hoje é o dia do beijo, você sabia?

Ai, meus sais. Quem manda sair de casa no dia dessa caralha de dia do beijo? Que capetice. Olhei pra cara do rapaz. Nhé. Não era bonito, mas também não era repugnante. Normal. Se eu fosse jurada do Ídolos, eu ia ter que passá-lo pra próxima fase. Sim, porque eu já passei coisas iguais ou até piores... mas pela abordagem amarela, ele levou um não.

Se tivesse sido no sábado e não na sexta, eu diria que teria sido melhor ter ficado em casa vendo Kill Bill. Mas foi sexta. Então era melhor ter ficado em casa vendo Minha Nada Mole Vida.



Comments: segunda-feira, abril 09, 2007

As baratas, sempre elas

Outro dia, Pentel chegou no terraço de casa e teve duas surpresinhas desagradáveis. Primeiro, viu um cocô da Tutti, totalmente fora do lugar. Ni qui ela percebeu uma coisa pior: tinha uma barata EM CIMA do cocô, sorrindo pra ela. Cacetes fecais! Pra completar o quadro, o inseticida estava no andar de baixo.

Instaurou-se imediatamente o dilema na mente de pobre Pentel: descer pra pegar o veneno? E se a barata fugisse e sumisse? Sim, porque elas somem, vocês sabem. Entram na dimensão X das baratas e nunca mais ninguém vê. Viram purpurina do mundo bizarro. Matar a barata ali mesmo, sem inseticida? Mas como, se o bicho estava localizado estrategicamente em cima do cocô?

Momentos de tensão. Tcham tcham tcham tcham. Nossa heroína, bravamente, toma a decisão mais difícil da vida dela: resolve PISAR NO COCÔ. Na verdade, pisar na barata, com o cocô embaixo. Que nojo! Mas era necessário. Às vezes, uma pessoa precisa fazer o que tem que ser feito.

Então, quando ela chegou perto pra pisar... a barata fugiu. Entrou por uma fresta do chão e nunca mais foi vista.

Que história mais linda... tem cocô da Tutti, tem barata... se fosse aqui em casa, o côco ia ficar branco de inseticida, porque o sprayzinho sagrado está sempre à mão.

Eu prefiro não imaginar essa cena.



Comments: quarta-feira, abril 04, 2007

A louca da fila

Eu, Veia Saltada e Cacau Acelera conversávamos animadamente na fila pra pagar a conta do restaurante. De repente, olho pro lado e vejo uma completa estranha na minha frente, virada pra mim, me olhando fixamente. Ela olhava dentro dos meus olhos, como se estivesse no grupo, prestando atenção na conversa. Mas só olhava pra mim. Como a criatura usava um crachá do meu trabalho, minha primeira reação foi pensar: "essa pessoa deve me conhecer", então olhei de volta. Mas rapidamente confirmei que ela não me era nem vagamente familiar. Virei as costas, mas a capeta continuava me olhando. Então resolvi lançar o meu olhar não-sou-nem-um-pouco-simpática-não-me-incomode-mais-ser-infernal, grau 940, pra ver se a pessoa se mancava. Sempre funciona. Olhei bem nos olhos, de cima a baixo, antipática toda a vida. Só faltei perguntar "o que foi, me achou bonita?". Bem nojenta.

Nada. A mulher sustentou o olhar e eu continuei na mesma, agora com cara de tacho. Nisso Cacau e Veia já riam descontroladamente e eu sem saber se ria junto ou se ficava com medo daquele encosto aboletado em cima de mim.

Cara, eu fiz abadá de micareta com o Santo Sudário. Não é possível. A mulher queria ser minha amiga. Agora, vejam que quem tem sorte, tem sorte. Se fosse o Gael na fila, ele não ia ficar me olhando fixamente. Não, não ia. No máximo, ia me olhar com cara de sem saco quando percebesse o fio de baba brilhante molhando todo o chão do restaurante.



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