segunda-feira, março 30, 2009
Contos de Camundongo MortoRato Morto tem um sobrinho de quase quatro anos, alguns meses mais novo que MiniPentel. É uma graça, Camundongo Morto. Conta Rato que, outro dia, o bisavô da criança insistiu para que Camundongo dormisse na casa dele. Ao que ele respondeu: - Não posso, vô. Só posso dormir na sua casa sexta e sábado, porque nos outros dias, no dia seguinte, eu tenho aula. E então ele suspirou e complementou, já farto, no alto dos seus três anos e meio: - A minha vida, agora, é assim. Gente. É a cara do tio, na semana da má vontade. Que orgulho.
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terça-feira, março 24, 2009
Acabaram seus problemas de dedetizaçãoVocês sabem que eu já me acostumei a matar baratas. Agora acho até divertido. Tá, tudo bem que quando uma aparece dá uma preguiça danada de ter que sair da inércia do meu sofá (onde geralmente estou vendo algum capítulo de série, ou novela, ou lendo, qualquer coisa, mas sempre no sofá), levantar e ter que me coçar pra exterminar o bicho, mas o processo de perseguição em si é animado. Uma verdadeira catarse. Claro que, como agora não me importo mais em matar as cascudonas, elas nunca mais apareceram. Resolveram atacar em outra frente: começaram a surgir aquelas baratas pequenas, francesinhas. Inferno. Aí rola um terror psicológico, porque você não sabe por onde aquele bicho andou. Que nojo. Na primeira vez que vi uma por aqui, ignorei. Porque sou adepta do “ignorando o problema ele não existe”. Na segunda vez já parei pra pensar que na terceira eu ia ter que dedetizar. E aí na terceira eu já estava ligando desesperada pros tios que dedetizam pra virem logo aqui, no dia seguinte, de preferência. Aproveitei pra mandar matar as formigas também, que me dão muita agonia. Ah, sim, e acabar com os cupins de uma madeira que tem no teto do meu quarto, a qual eu não sei para que serve, além de ser moradia dos cupins. É verdadeiramente um mistério. Quando cheguei em casa hoje, encontrei a madeira cheia de buraquinhos, no formato de túnel dos cupins. Acho que pra colocar o veneno eles abrem buracos no caminho que os bichos fizeram. Não sei, sei que olhar pra isso me dá um nervoso que chega a arrepiar os pelinhos do meu rosto. Então a madeira serve pra ser cemitério dos cupins e me dar TOC. Agora entendi.
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domingo, março 15, 2009
SobremesasQuando papai, do alto da sua joselitice diz que na Etiópia não tem nenhum gordo, ele tem razão. Ninguém é magro à toa. Outro dia, fui jantar com Pentel. Na hora da sobremesa, íamos dividir a mais famosa de lá: uma coisa com sorvete de chocolate, doce de leite, amêndoas, biscoito... Nem queiram saber. Só que eu estava olhando o cardápio antes e vi que tinham várias outra opções que também pareciam deliciosas. Tinha uma torta de chocolate amargo com calda de laranja maravilhosa que eu comi num aniversário uma vez, tinha uma bolo de caramelo quente com sorvete de creme e por aí ia. Eu fui ao banheiro e disse a ela pra dar uma olhada no cardápio pra ver se se a gente se inspirava a fazer uma mudança e pedir outra coisa igualmente boa, mas diferente do que a gente seeeempre come lá. Quando volto do banheiro, Pentel está com uma cara esquisita. - O que foi, Pentel? - Bom... é que eu me interessei por uma sobremesa, estou com muita vontade de experimentar... mas acho que você não vai gostar. Eu, me preparando para a bomba (que certamente não seria de chocolate e nem de doce de leite): - Qual? - É essa aqui: FIGOS com calda. Figos. Figos. Só mesmo Pentel, com tortas variadas, chocolate e doce de leite no cardápio, escolheria comer figo. E o que é pior: não é porque ela está de dieta, é porque ela DESEJA o figo. Tem vontade de experimentar. É por isso que essa criatura tem cinco quilos a menos que eu. Pentel é a pessoa que ganha um bombom e parte em dois, metade que agora e metade pra depois, porque um bombom é muita coisa. Claro que depois disso - pra espantar os maus espíritos anoréxicos que porventura estivessem me rondando naquele momento e me induzindo a pedir uma salada de frutas -comi a primeira opção, aquela de doce de leite com sorvete de chocolate. Todinha, sozinha. Isso é pra eu aprender que sobremesa não se divide. No mundo dos gordos, dividir sobremesa é proibido nos restaurantes. A pessoa entra lá e já tem uma plaquinha na porta dizendo que, se for pra dividir, melhor comprar meia dúzia de maçãs e ir comer em casa.
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quinta-feira, março 05, 2009
PISANDO NA SAPUCAÍ – PARTE FINALO domingo de carnaval, dia do desfileEntão, finalmente, chegou o dia. Eu estava em pânico de sair de casa sozinha, andar até o metrô fantasiada pagando mico e ainda carregando todas aquelas coisas pesadas. Felizmente, Francesa Egípcia, minha amiga assessora para carnavais aleatórios, gentilmente se ofereceu pra vir até aqui me ajudar a vestir e ir comigo à concentração. Graças a Deus, porque eu teria surtado sozinha quando um dos braceletes presos à fantasia descosturou. Isso tinha que acontecer justo comigo, que logo despiroquei achando que a gambiarra que fizemos com esparadrapo (porque eu não tenho agulha e linha em casa) iria cair na hora e eu não poderia desfilar. Depois de encontrar com Medulinha, Veia Saltada, Kátia Lisa e Noiva do Ano e tirarmos muuitas fotos, chegou a hora de nos prepararmos pra desfilar. Até que passou rápido: logo estávamos andando da concentração até a passarela do samba. Quando pisei na avenida, esperava sentir uma emoção que fosse fazer todo o perrengue dos ensaios, da fantasia pesada, da sandália 40, da logística da chegada ao sambódromo, tudo isso valer a pena. Mas preciso dizer que não senti. Só o que eu sentia era que o adereço de mão realmente devia pesar 15 quilos, e eu tinha que ficar trocando de braço toda hora, e que o chapéu, aquele que não cabia na minha cabeça, não cabia MESMO, e fazia uma pressão que me fez lembrar aquele filme da máscara de ferro com o Leonardo de Caprio. Pra piorar a situação, o carro com a Ana Botafogo ficava bem em frente à nossa ala, fazendo um paredão gigantesco. Além de ninguém olhar pra gente, porque só olhavam pra ela, rolou uma claustrofobia, porque com isso não dava pra saber em que ponto da Marquês de Sapucaí estávamos. Não sei se foi aquele paredão, ou as pessoas vestidas todas iguaizinhas com aquele monte de esplendores com penas se batendo, ou o chapéu que não cabia na cabeça, ou o adereço de mão de 15 quilos, ou todas essas coisas que vêm juntas, mas sei que foi me dando uma gastura, uma agonia... e pronto: comecei a passar mal. Tudo o que conseguia pensar era que adoraria saber em que ponto do desfile estava, pra saber se estava chegando e, assim, ia aguentar chegar até o fim sem desmaiar, mas a merda do carro alegórico tapava toda a minha visão. Pensava muito também em tirar aquele chapéu. E em como me tirariam dali se eu desmaiasse. E se eu ia ser aquela que ia aparecer na televisão porque passou mal. Graças ao bom Deus, fiquei livre desse vexame, porque consegui chegar até o fim. Assim que tudo acabou, Medulinha olhou pra mim e disse: “Você está passando mal, né?” Aí eu vi que a coisa estava feia mesmo, porque eu nem estava conseguindo disfarçar. A sorte é que, sem o chapéu na cabeça e sem o paredão na minha frente, e com o adereço devidamente apoiado no chão, comecei a melhorar na hora e estava pronta pra jornada de volta pra casa. Voltando pra casaAndamos muuuuito até o metrô. Qui-lô-me-tros até a estação aberta mais próxima. Fui montada, com o esplendor preso nas costas, porque era a única forma de carregar aquilo àquela altura do campeonato. Aí veio a parte mais divertida de toda essa história: as pessoas pedindo pra tirar foto comigo. Ouvi até que eu estava “linda, parecendo um anjo”. Gente, luxo e riqueza. Me senti a própria atriz da Glóbo. Quando cheguei aqui no prédio, tive que pedir ao porteiro pra me ajudar a desamarrar a fantasia, um sujeito da madrugada que eu nunca vi na vida, mas que era a única pessoa disponível no momento. Santo homem. No caminho para o elevador, pra completar a minha noite de prazer e felicidade, lembrei que o prédio tinha passado por uma dedetização naquele dia. Não sei, mas acho que devo ter lembrado disso porque estava CHEIO DE BARATAS MORTAS NO CHÃO. A fantasia tinha um véu que arrastava no chão feito uma cauda de vestido de noiva, então eu tive que ir andando e desviando como podia dos cadáveres, sem conseguir levantar a tal cauda porque, àquela altura, eu estava carregando o esplendor na mão, aquele que o porteiro que ajudou a tirar. Cheguei em casa, tirei e taquei tudo no chão e confesso que não tive coragem de olhar pra ver se tinha levado alguma barata morta pra dentro da minha sala embolada na roupa que arrastava. Olha, a vida do babaca é atribulada. No dia seguinte, eu estava toda dolorida. Um ombro doía mais que o outro, não sei se o esplendor pesou mais de um lado, os braços doíam de carregar o adereço e fiquei com a testa doendo como se tivesse batido com a cabeça. Fui tomar um banho de mar pra dar uma renovada. Passou. Não me arrependo, porque acho que essa é uma experiência para se ter, em sendo carioca e tendo crescido vendo desfiles das escolas de samba e tal. Mas ano que vem me procurem em algum balneário ou nas montanhas. Montanhas é uma boa idéia. Lá em cima. Nas tundras geladas da Noruega. É lá que eu vou estar.
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domingo, março 01, 2009
PISANDO NA SAPUCAÍ – PARTE IINossa fantasia superprática de bolsoEnfim, chegou o dia de buscarmos a fantasia. Até então, não tínhamos idéia de como era. Podia ser só um tapa sexo. Como não pagamos por ela, não vimos antes, e a escola fez o maior mistério. Quando chegamos lá, vimos que a coisa era gigantesca. Minha fantasia tinha tudo: chapéu (que não cabia na cabeça), esplendor (aquele negócio que fica nas costas do folião, cheio de penas, igual a um pavão), adereço de mão (uma coisa feito um cetro que na avenida pesaria 15 quilos), bracelete, saia, top, sandália (que me deram tamanho 40). Pra trazer todo esse trambolho pra casa, tive que me atirar dentro de um táxi. Quando cheguei aqui, fui, toda pimpona, vestir a fantasia, pra ver se precisava fazer algum ajuste, e, principalmente, matar a curiosidade de como aquilo ficaria em mim. Quinze minutos depois, percebi que não seria assim tão simples, pícara sonhadora. Eu não conseguia decifrar como se colocava aquilo. Onde enfiava a cabeça, os braços, como amarrava... Mais quinze minutos e eu decidi que, provavelmente, o problema devia ser eu. Convenhamos, não sou a pessoa mais jeitosa do mundo. Já deixei de comprar algumas roupas porque tinha certeza de que não iria conseguir vestir sozinha. Então liguei pra Medulinha, a única do grupo na mesma ala que eu, crente que ela iria rir de mim e dizer que era muito fácil. Mas não. A coitada estava na mesma situação que eu, brigando com a fantasia, sem conseguir ter idéia nem de por onde começar. E olha que o pai dela estava ajudando. Só conseguimos entender como vestia aquela merda quando Medulinha, no dia seguinte, se despencou até a quadra da escola e conseguiu falar com a nossa coordenadora de ala. Surpreendentemente, duas palavrinhas fizeram com que conseguíssemos vestir o troço. Bom, pelo menos começou a fazer sentido, mas ainda assim estabeleceu-se uma polêmica entre nós duas sobre como prendia a gola. Horas gastas tentando entender, e eu vou adiantar pra vocês: só foi colocada certo lá no dia, com assessoria de outros cálegas componentes. A sandália 4 números maiorO estresse pré-desfile estava longe de terminar. Lembram da sandália 40? Pois é, não dava pra pisar na passarela do samba com uma sandália 40. Então, eu e Medulinha, companheiras de luta, fomos à caça de um sapateiro que pudesse fazer alguma coisa – qualquer coisa – pra que aquilo ficasse usável pra duas moças de pezinhos 36, que mereciam o sapatinho de cristal da Cinderela, e não aquela pracha de surf long board. A de Medulinha era menor que a minha - número 39. Quando a tiazinha que distribuía as fantasias deu a 39 pra ela ainda disse que ela teve sorte porque ainda tinha uma pequena: 39. Era pra rir naquela hora ou quando chegássemos em casa? Enfim, sobre o sapateiro: fomos primeiro em um velhinho português, com fama de ser fofo. Mentira. Sapateiro nenhum é fofo. Como todo português, ele, Joselito, olhou aquilo e disse: “Mas isso não é do tamanho de vocês. Isso é de homem! Vocês vão cair”. Isso porque já chegamos lá explicando a situação, dizendo que era de uma fantasia, que foi de graça, que tinham dado maior que o nosso pé. Ele ignorou toda a explicação e ficou repetindo isso e dizendo que não havia nada a fazer. Então, tá. Fomos a um outro moço, que nos olhou com uma cara de sem saco, resmungou que aquilo era muito grande pra gente, que teria que refazer toda a sandália, mas disse que podia fazer. Não sem antes, claro, dar uma sacaneada, dizendo que só ia poder entregar dia 23 de fevereiro, um dia depois do desfile. Porque esse não é português, mas é filho de português, e todo filho de português também guarda algo de Joselito em seu coração. (CONTINUA...)
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